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Para entender o que é tricotilomania, vale começar descobrindo o significado dessa palavra. Ela vem do grego: trico quer dizer “cabelo”, tilo é “puxar”Pois bem, tricotilomania é o nome que se dá a uma desordem comportamental em que a pessoa sente um impulso recorrente e incontrolável de arrancar os fios de cabelo ou os pelos de outras partes do corpo (sobrancelhas, cílios e barba, por exemplo). Com isso, os cabelos e os pelos ficam rarefeitos nesses locais.

“O ato pode ser consciente, ou seja, o paciente relata que puxa os fios, ou pode ocorrer de maneira automática sem que a pessoa tenha percepção de que ela mesma é a causadora da retirada deles”, diz o Dr. Paulo Müller, dermatologista da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e associado da SBD-RESP.

O médico explica que a tricotilomania é classificada como transtorno de controle dos impulsos e faz parte do mesmo espectro do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC). Em 5 a 20% dos casos, a tricotilomania evolui para a tricofagia, distúrbio em a pessoa ingere os fios logo depois de arrancá-los, o que, a longo prazo, pode levar a um quadro de obstrução do trato digestivo pelos tufos de cabelo ingeridos.

Por que o problema aparece?

A causa da tricotilomania ainda não foi totalmente definida. Sabe-se, porém, que, provavelmente, exista tendência genética. “Eventos estressores podem funcionar como gatilho. E a faixa etária de incidência é dos 10 aos 13 anos. Nos jovens, a distribuição é igual entre meninas e meninos. Na idade adulta, as mulheres são mais acometidas – a proporção é de quatro mulheres para um homem”, diz o Dr. Paulo.

Áreas de rarefação dos cabelos e dos pelos, localizadas ou disseminadas, são o sintoma mais frequente. Como elas são perceptíveis, costumam levar a pessoa ao consultório do dermatologista. Quando a própria pessoa ou os familiares referem que os fios são arrancados, chegar ao diagnóstico costuma ser mais fácil.

Acontece que, muitas vezes, o médico não tem essa informação. O paciente apresenta diversas áreas de rarefação dos cabelos ou dos pelos que podem ser sintoma de diversas outras doenças. Por isso, consultar um dermatologista é fundamental. Com o  uso de um aparelho chamado dermatoscópio, ele visualiza as hastes dos fios com lente de aumento. Dessa forma, a avaliação das alterações que ocorrem quando eles são tracionados permite afastar a hipótese de outras doenças que atingem os cabelos e confirmar o diagnóstico de tricotilomania.

Como é o tratamento

Inicialmente, busca-se o controle do quadro. “Se o controle permanece a médio/longo prazo, mesmo depois da suspensão do tratamento, pode-se considerar que houve cura. Mas é importante deixar claro pode ocorrer recidivas”, diz o Dr. Paulo. Ele explica também que, preferencialmente, o tratamento deve ser multidisciplinar. Além do dermatologista, pode ser necessário consultar um psiquiatra e um psicólogo, e recorrer a medicamentos para ansiedade ou depressão, por exemplo.  E, em alguns casos, a terapia cognitivo-comportamental, em que a pessoa aprende a identificar os gatilhos e a lidar com eles, costuma ser útil. “Mas nem sempre é assim para todos os pacientes. O tratamento é individualizado”, finaliza o Dr. Paulo.