Viralizou nas redes sociais, recentemente, a imagem de uma mulher que tinha o rosto com inúmeras rugas e linhas de expressão e que, depois de um procedimento bem agressivo, ficou com a pele muito mais lisa e homogênea. O protocolo que ficou conhecido vulgarmente como “troca de rosto” por usuários da internet nada mais é do que o peeling de fenol. Conversamos com a médica dermatologista Tatiana Steiner a respeito da técnica para assim entender o que ela é, quais as principais indicações, efeitos colaterais e tempo de recuperação. 

O que é o peeling de fenol?

O peeling é um procedimento dermatológico no qual provocamos a troca de pele usando uma substância química em sua superfície. Ele pode ser superficial, médio ou profundo, conforme a camada da pele atingida. O peeling de fenol, portanto, é um protocolo profundo. E sua principal indicação é o tratamento de peles muito envelhecidas; com rugas profundas e flacidez, provocando assim uma renovação intensa e a formação de colágeno novo.

Ele precisa ser realizado em centro cirúrgico?

Não. Ele pode ser realizado em um ambiente cirúrgico do consultório e não necessariamente no hospital. A vantagem de realizar o peeling de fenol no hospital é a possibilidade de ocorrer uma monitorização cardíaca mais adequada, hidratação constante, com metabolização mais rápida do fenol e a analgesia total.

Ele é o procedimento mais “agressivo” quando pensamos em peeling?

As variantes Baker e Hatter, em que utiliza o fenol, são os peelings mais agressivos e profundos, pois conseguem atingir camadas mais profundas da pele.

Quanto tempo leva uma sessão?

O tempo estimado de duração da aplicação do peeling de fenol é de 2 – 3 horas. O produto é aplicado em áreas chamadas de unidades anatômicas; então espera-se 20 minutos para aplicar em outra área e assim por diante. Isso porque em 20 minutos o fenol é metabolizado e evita que ocorra uma reação tóxica. A mudança de cor do rosto é imediata. São passadas varias camadas do produto para deixar bem uniforme a área tratada. 

E como é o pós, é muito dolorido?

Independente do tipo de analgesia escolhida, haverá algum grau de dor.

O paciente sente ardor intenso logo após a aplicação da substância que, em alguns segundos, é substituído por analgesia. Após 20 minutos o ardor retorna e dura, em média, 8 horas. Durante esse período há controle da dor com analgésicos específicos.

Como se dá a recuperação do peeling de fenol?

A recuperação desse peeling é demorada e requer cuidados especiais. Há edema intenso nos dois primeiros dias de recuperação. Depois surgem crostas que vão desprendendo ao longo de 10 – 12 dias. Na sequência, de um a três meses, o rosto fica bastante avermelhado e sensível. 

A limpeza da pele deve ser feita duas vezes ao dia com sabonetes suaves. Além disso, hidratantes com potencial cicatrizante devem ser usados duas a três vezes ao dia.

Quais problemas podem surgir durante e depois o peeling de fenol?

O fenol pode ser tóxico para o coração e para o rim, portanto, é necessário um eletrocardiograma e também exames de sangue gerais antes do procedimento. 

Durante o tratamento, o paciente é acompanhado de perto, a fim de impedir qualquer tipo de complicação. Portanto, o ideal é realizar uma avaliação médica para saber se o paciente tem o perfil indicado para esse tipo de protocolo.

A pele também pode ser preparada com cremes à base de ácidos e clareadores, para ter melhor cicatrização e evitar a hiperpigmentação pós-inflamatória, isto é, o escurecimento da pele pela inflamação.

O peeling de fenol é feito apenas no rosto?

Ele pode ser feito nas áreas mais afetadas por rugas, como a região dos olhos e da boca. Também é possível combiná-lo com peelings mais leves no restante do rosto e do pescoço. Ele não é realizado em outras partes do corpo.

Principais complicações do peeling de fenol:

• bolhas e vesículas;
• infecção bacteriana;
• escurecimento e manchas;
• dor intensa;
• reativação do herpes;
• foliculite/acne;
• avermelhamento persistente;
• cicatriz;
• atrofia.

O paciente ideal para o peeling de fenol apresenta:

• Pele clara – fototipo I/II;
• Rugas profundas;
• Moderado grau de flacidez.

Contraindicações:

• Pacientes com problemas do coração, do fígado ou do rim;
• Tendência à cicatrizes e queloides;
• Cicatrizes na área da aplicação;
• Fototipos altos- IV/V;
• Gestação e amamentação;
• Impossibilidades de autocuidado.