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A publicação que está em processo de desenvolvimento tem coordenação de Maria Angela Bianconcini Trindade (pesquisadora científica e docente do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva do Instituto de Saúde); Maria do Carmo Castiglioni (docente do Departamento de Terapia Ocupacional – FMUSP); Selma Lancman (professora titular do Departamento de Terapia Ocupacional – FMUSP) e Tereza Etsuko da Costa Rosa (pesquisadora científica, docente do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva e Diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento para o SUS do Instituto de Saúde, SES-SP).

Batemos um papo com Maria Angela Bianconcini Trindade, conselheira da SBD-RESP, para entender um pouco mais sobre o projeto.

O que será abordado na publicação “Ensino e Pesquisa na Atenção à hanseníase no Estado de São Paulo: apontamentos para novas possibilidades”?

O livro apresenta a trajetória paulista de um grave problema de saúde pública (a hanseníase). Isso se dá por meio da elucidação da real situação e práticas atuais de cuidado, prestados no âmbito da saúde coletiva.

Quando ele será lançado? 

Estamos revisando todos os 16 capítulos recebidos. A publicação está prevista ainda para este ano.

Ele é um livro voltado para qual público? 

A leitura por dermatologistas é importante para estimular tais profissionais ao cuidado em hanseníase, além da atenção para o diagnóstico, tendo em vista que a maioria dos casos apresenta alguma lesão na pele. No entanto, qualquer público interessado em problemas de saúde pode aproveitar a leitura. Apesar do foco estadual, as análises podem ser transpostas para qualquer região do país.

Por que essa doença, que já tem tratamento gratuito disponível há quatro décadas, ainda é tão presente no Brasil? 

A hanseníase foi controlada na Europa com a melhora das condições de vida, mas persiste em bolsões de pobreza, mesmo com tratamento medicamentoso específico gratuito. Por exemplo, em áreas com população em insegurança alimentar e com pouco acesso à educação, moradia e serviços sanitários públicos. Isso dificulta o diagnóstico precoce da hanseníase.

Qual foi o primeiro registro de hanseníase na literatura médica? 

A hanseníase é uma das doenças mais antigas da humanidade, conhecida há mais de  quatro mil anos no Extremo Oriente, no Subcontinente Indiano e no  Oriente Médio. No Brasil, os primeiros registros de casos de hanseníase datam do início do século XVII, introduzida pela colonização europeia*.

Por que existe tanto preconceito em relação a essa doença? 

Desde a Antiguidade as pessoas com deformidades físicas e/ou transtornos mentais eram isoladas, marcando a história da hanseníase pela alta estigmatização, preconceitos e medos. No momento, com a alta rotatividade dos profissionais de saúde, cuidados complexos como a hanseníase, que envolvem determinações sociais, se tornam ainda mais negligenciados, em especial pela melhor remuneração de outros agravos, realimentando o estigma e a pobreza.

Quais são as regiões do Brasil mais afetadas pela hanseníase? 

Pelo número de casos novos registrados anualmente, as regiões centro-oeste, norte e capitais do nordeste com grande fluxo migratório de áreas altamente endêmicas. No entanto, o sul e o sudeste apontam uma endemia oculta. Em suma: não conhecemos a real endemia brasileira.

Quais profissionais e entidades ajudaram a compor a obra? 

Profissionais envolvidos com a gestão, a pesquisa, o ensino e o cuidado em hanseníase. Quanto a entidades, Instituto de SAÚDE e ILS LIMA, Vigilância Epidemiológica em hanseníase, da SES-SP, Departamentos de Dermatologia da USP, SP e RP, da UNIFESP e da UNICAMP, MORHAN e Fundação Paulista contra a Hanseníase.

Quais são os principais objetivos do livro? 

Que os leitores sejam estimulados a pensar em hanseníase como um problema de saúde, em especial para dermatologistas pensarem no seu diagnóstico por meio do conhecimento da trajetória, da situação atual e das perspectivas da hanseníase e do seu controle.

E onde ele será distribuído? 

Gratuito e online no site do Instituto de Saúde – SES-SP, fazendo parte da coleção Temas de Saúde Coletiva. Há perspectiva de uma tiragem impressa de 1000 cópias.

Por tudo, agradecemos o interesse dessa gestão da SBD-RESP na divulgação do livro que apresenta em 16 capítulos (escritos por dermatologistas, epidemiologistas, ativistas do movimento social e ONG) a trajetória da hanseníase no Estado de São Paulo. 

 

A hanseníase como doença milenar endêmica, de notificação compulsória, conta com programa da OMS, OPAS, MS, SES, SMS, com recursos oficiais e não governamentais para sua eliminação que no momento é definido como: Estratégia Nacional para Enfrentamento da Hanseníase 2019-2022/Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. xx p.: il.

* On the Origin of Leprosy. SCIENCE. 13 May 2005. Vol 308, Issue 5724. pp. 1040-1042.  DOI: 10.1126/science/1109759.

Texto de Maria Angela Bianconcini Trindade

Revisado pelas organizadoras do livro: Profa. Dra. Teresa Rosa e Profa. Dra. Selma Lancman.