Com o início da vida social da criança são inúmeras as patologias que acabam acometendo os pequenos em sua crescente interação com o mundo. Uma que é bem comum, com mais de 150 mil casos por ano no Brasil, é a síndrome mão-pé-boca. Conversamos com a médica dermatologista Luciana Samorano sobre como a doença começa, em quanto tempo ela passa, qual o vírus envolvido e o que fazer para aliviar os sintomas.
Luciana atua no ambulatório de Dermatologia Pediátrica do Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina – Universidade de São Paulo (USP) e possui doutorado pela USP.
O que é a doença mão-pé-boca?
A doença mão-pé-boca é uma enfermidade contagiosa causada pelo vírus Coxsackie, da família dos enterovírus. Caracteriza-se pelo aparecimento de lesões sob a forma de manchas vermelhas encimadas por vesículas no centro (em linguagem leiga, parece uma alergia ou pequenas bolhas avermelhadas). Usualmente, estão localizadas nas mãos, nos pés e na boca, embora outras regiões do corpo possam ser afetadas, como área genital, glúteos e membros. Sobre as lesões orais, elas podem ser confundidas com aftas.
Costuma haver febre alta nos dias que antecedem o aparecimento das lesões.
Ela é uma patologia mais comum na infância, sobretudo antes dos cinco anos de idade, mas pode ocorrer também nos adultos.
Há mais sintomas além dos citados anteriormente?
O paciente pode apresentar mal-estar, falta de apetite, dor de garganta, dificuldade para engolir, aumento da salivação, vômitos e diarreia.
Ela é contagiosa?
Sim. A transmissão ocorre por via fecal/oral, por meio do contato direto entre as pessoas ou com as fezes, saliva e outras secreções, ou ainda por meio de alimentos e/ou objetos contaminados.
Mesmo após a remissão dos sintomas, a pessoa pode transmitir o vírus pelas fezes durante, aproximadamente, quatro semanas.
Existe período de incubação do vírus?
Sim. O período de incubação varia entre um e sete dias.
Há vacina?
Não. Ainda não existe vacina contra a doença mão-pé-boca.
Quais são os tratamentos existentes para reverter o quadro?
O tratamento geralmente foca nos sintomas, com a indicação de antitérmicos e analgésicos. Compressas de permanganato podem ser indicadas como secativas, para as lesões do corpo. Recomenda-se também o repouso, a ingestão de bastante líquido e uma alimentação adequada.
Quem está com mão-pé-boca possui dificuldade para se alimentar?
Nos pacientes com muitas lesões orais, alimentos pastosos são mais fáceis de engolir, bem como bebidas geladas, como água, chás e sucos.
Quais cuidados devemos ter para não nos contaminarmos?
Recomenda-se lavar as mãos antes e depois de lidar com o paciente; evitar o contato muito próximo; evitar contato com secreções, como da boca e nariz. Higienizar o ambiente onde o paciente está, bem como objetos em uso por ele, como talheres, copos e brinquedos.
Quem está doente com mão-pé-boca precisa ficar em isolamento?
Recomenda-se afastar as pessoas doentes da escola ou do trabalho até o desaparecimento dos sintomas – geralmente isto ocorre em até 10 dias após início dos sintomas.
Quem tem mão-pé-boca precisa ficar internado no hospital ou pode ser tratado em casa?
A síndrome mão-pé-boca normalmente não necessita de internação, pois é uma doença leve e autolimitada. Porém, caso as feridas na boca dificultem a ingesta de líquidos e alimentos, pode ser necessária a internação hospitalar. Outra indicação de internação é a rara evolução para complicações como meningite, encefalite e paralisia semelhante à da poliomielite.