Pesquisar

Cidades como Gravataí e João Pessoa registram, atualmente, um aumento expressivo nos casos de esporotricose, infecção causada por fungos que é associada tantas vezes ao contato com gatos. E o cenário não é nada animador no Brasil, pois os diagnósticos aparecem crescentes e com perspectiva de ainda mais alta, para os próximos meses e para todo o território nacional. Conversamos com o dermatologista Gustavo de Sá Menezes Carvalho, dermatologista, a respeito do tema. A ideia é tirar, de forma simples e direta, as principais dúvidas a respeito da doença. 

O que é a esporotricose?

É uma infecção causada por fungos do gênero Sporothrix. Na pele, essa doença pode se apresentar de diversas maneiras, com frequente acometimento do sistema linfático. A maioria dos casos envolve, primariamente, a pele mesmo e, eventualmente, mucosas e órgãos internos (pulmão e vísceras).

Quais são as principais características que devemos notar ao acharmos que temos tal problema de saúde?

As lesões cutâneas (feridas) podem se apresentar de várias maneiras. A forma mais comum é a cutâneo linfática, que se caracteriza por lesões nodulares (bolas), principalmente nos braços, rosto ou pernas. Elas tendem a apresentar um trajeto linear (uma atrás da outra, seguindo a cadeia linfática regional).

Como contraímos a doença (como a esporotricose aparece em humanos)?

A inoculação no homem ocorre, principalmente, pela penetração do fungo na pele por meio do contato com algum animal contaminado, principalmente gatos. Ela também pode acontecer via trauma com espinhos e madeira, que também podem estar contaminados.

Existe uma faixa etária, gênero ou alguma outra característica física que facilite o contágio ou faça com que a esporotricose fique mais grave?

Em indivíduos que possuem alguma forma de imunodeficiência, idosos e gestantes existe a possibilidade da ocorrência mais grave da doença, gerando quadros disseminados da infecção. 

A esporotricose tem cura?

Sim. Hoje dispomos de diversas medicações seguras e efetivas contra a Esporotricose. Para isso, é essencial o diagnóstico precoce do quadro. 

Como ela surge nos gatos?

Os gatos, como diversos outros animais, se contaminam por meio de contato com outros contaminados. Eles podem apresentar lesões cutâneas ou outras manifestações da esporotricose. Quando há contato com os seres humanos, por meio de mordeduras ou arranhões, pode haver a transmissão do fungo.

Como tratamos a esporotricose com itraconazol?

Os principais medicamentos utilizados para a Esporotricose são o Itraconazol e o Iodeto de Potássio, ambos são administrados por via oral, diariamente. O tempo de uso dessas medicações depende da forma clínica e da resposta ao tratamento através da avaliação médica. 

Tem alguma outra consideração que gostaria de comentar a respeito do tema?

No momento, estamos enfrentando um aumento dos casos de Esporotricose no Brasil, principalmente em algumas capitais da região sudeste, por meio da contaminação por gatos. O diagnóstico precoce é essencial para conter essa transmissão, como também o tratamento dos animais contaminados é de fundamental importância.