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A calvície, masculina ou feminina, sempre foi uma questão muito abordada por pacientes em consultas dermatológicas, pois “ficar careca” é algo que desperta um grande incômodo em boa parte da população. A alopecia androgenética, como formalmente é denominada a patologia, afeta aproximadamente 50% dos homens acima de 50 anos, sendo que 76% deles não estão em tratamento. 

Recentemente, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou uma nova indicação em bula do medicamento dutasterida para o tratamento dessa condição tão prevalente, o que aumentou o otimismo por quem sofre com o quadro.

Separamos aqui um mini dossiê para explicar o que a ciência sabe a respeito do tema e o que motivou essa alteração de medicamento “off label” (quando já é usado para alguma finalidade, porém não constando em bula) para formalmente indicado. 

O que é a dutasterida? 

A dutasterida funciona como inibidor de uma enzima que converte a testosterona em uma espécie de “testosterona mais forte”, em linguagem leiga. Quando fazemos este bloqueio, existe uma diminuição do efeito dos hormônios masculinos em alguns órgãos do corpo, principalmente na área dos cabelos e na próstata. 

Internacionalmente

A dutasterida era uma medicamento usado “off label” para o tratamento da calvície masculina no Brasil até pouco tempo atrás, porém, já era aprovada para tal finalidade em outros locais do mundo, como na Coreia do Sul e no México. A aprovação dessa droga, em bula, para o tratamento da calvície se deu no Brasil após uma série de trâmites burocráticos exigidos pela ANVISA. 

A indicação, todavia, não se resume à calvície masculina. Dá também para inseri-la no tratamento da calvície feminina (só que off label ainda – no mundo inteiro), mas entendendo que a mulher não deve engravidar durante o tratamento.

Efeitos colaterais da dutasterida:

Em homens: queixa de eventos secundários sexuais, uma vez que estamos mexendo na parte hormonal. A principal é a perda de libido. Mas pode também afetar o volume da ejaculação, diminuição de ereção e diminuição da sensação de prazer ao ejacular. Tais efeitos costumam ser reversíveis após a interrupção do tratamento. 

Em mulheres: existem pouquíssimos efeitos colaterais. Em geral, o que é notado é o aumento do tamanho de mamas, com alguma sensibilidade local ou não, e irregularidade menstrual nas mulheres que não usam anticoncepcional. 

Contraindicações

As contraindicações são as mesmas da finasterida, que é uma medicação já indicada há mais tempo para a calvície masculina. Elas envolvem, basicamente, pessoas com quadros de depressão. 

Ainda está sob análise se existe a contraindicação para mulheres com histórico de câncer de mama (ainda precisa passar por estudos científicos). 

Diferenças entre a calvície masculina e a feminina

Embora a calvície feminina deva ser interpretada como tal, ela é bastante diferente da masculina, tanto que demorou para ser considerada como uma entidade clínica. 

As principais diferenças no caso da mulher que apresenta calvície são que elas não têm a aceleração da queda capilar, o que ocorre na calvície masculina. Ninguém sabe, até este momento, exatamente o motivo disso, podendo haver relação com o nível de hormônio no corpo, que difere muito entre homens e mulheres quando falamos de testosterona. Isso faz com que as mulheres tenham quadros de evolução da calvície muito mais lento. Por outro lado, uma resposta ao tratamento também é muito mais lenta. 

O artigo foi desenvolvido com o auxílio técnico da dermatologista Dra. Aline Donati.