O que seria, afinal, uma rotina minimalista para a pele? Mesmo com uma oferta muito maior de produtos cosméticos no Brasil, se comparado a um passado recente de poucas opções, são inúmeras as pessoas que preferem, atualmente, um protocolo diário de skincare em poucos passos.
Conversamos com a Dra Lilia Ramos dos Santos Guadanhim, dermatologista, a respeito do tema para que ela explique mais sobre o conceito e qual é o kit mínimo de produtos para usarmos no dia a dia e obtermos bons resultados.
O que é?
A rotina minimalista para a pele é uma tendência que vem como contraponto à rotina de 10 passos, coreana, que ficou famosa entre 2019 e 2020 ao redor do globo. A boa notícia é que tais passos mais modestos são ótimos para quem procura praticidade. “Um skincare eficiente pode ser super enxuto se a escolha dos produtos for certeira. Por isso, consulte sempre o seu dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, ok?”, diz Lilia.
Quais são os cuidados essenciais com a pele?
- Proteção solar:
Essa é a chave do sucesso! Lembre-se que 90% dos casos de câncer de pele são causados pelo sol e 85% do envelhecimento pode ser atribuído ao astro-rei. Nessa etapa, capriche na escolha e:
– Prefira filtros industrializados (são mais estáveis do que os manipulados);
– Os produtos multifuncionais são super práticos, mas atenção: eles devem ser filtro solar com outros benefícios e não hidratante ou maquiagem com um pouco de filtro;
– Opte por FPS igual ou superior a 30 (ou 50, para pacientes de pele clara) com proteção contra a radiação UVA/B;
– Se tiver tendência a desenvolver manchas, o uso de filtros com base é ainda mais indicado;
– Capriche na textura do produto, pois isso faz toda a diferença, facilitando o uso. Escolha um filtro de toque agradável, que espalha facilmente e não seja gorduroso;
– A quantidade para a aplicação é muito importante! O Consenso Brasileiro de Fotoproteção recomenda o uso de uma colher de chá de protetor solar para o rosto e o pescoço;
– Os filtros em pó são boas opções para retoque, mas não servem como primeira linha de proteção.
- Higiene:
– Escolha um sabonete ou gel de limpeza específico para a pele do rosto;
– O ideal é que a higiene seja suave, sem agredir;
– Lave o rosto 1 ou 2 vezes ao dia.
- Hidratação:
– A pele hidratada ajuda a manter a barreira natural da pele, com isso reduz o risco de irritações e alergias, além de melhorar a tolerância aos tratamentos dermatológicos;
– Mesmo quem tem pele oleosa deve hidratá-la.
Para uma rotina minimalista, mas completa, podemos acrescentar ainda mais duas etapas:
- Antioxidantes:
O papel dos antioxidantes é de melhorar a proteção da pele contra os danos solares, incrementar a textura e a luminosidade da pele, estimular o colágeno e diminuir manchinhas. O antioxidante mais estudado, e queridinho dos dermatologistas, é a vitamina C. Seu uso, em geral, é recomendado pela manhã.
Converse com o seu médico dermatologista para escolher a melhor para o seu caso.
Há muitas marcas, concentrações, texturas e formas de vitamina C e isso influencia diretamente na eficácia do tratamento. Alguns pacientes podem ter espinhas ou sensibilidade na pele com o uso da substância, então não aplique-a sem prescrição.
- Ácidos:
Eles promovem renovação celular, melhora da textura da pele, estímulo de colágeno, reduzem a aparência de poros e de acne. Os preferidos são os retinóides (tretinoína, retinol, adapaleno, retinaldeído) e os hidroxiácidos (com o ácido glicólico). Os efeitos são ótimos, mas a prescrição do seu médico dermatologista é fundamental. Os ácidos podem causar irritações, alergias e sensibilidade.
E a tonificação?
Uma curiosidade: antes o popular em skincare era limpar, tonificar e hidratar. Para Lilia, todavia, a tonificação ficou perdida no tempo. “Os tônicos de antigamente eram agressivos, adstringentes e não devem mais ser usados. Pacientes que gostem da limpeza em 2 etapas, ou pessoas muito expostas à poluição, podem complementar a higiene com o uso de uma solução micelar, que limpa profundamente sem agredir a pele”, explica.
Tudo bem usar sabonete de corpo no rosto?
Em geral, a recomendação é ter um sabonete específico para o rosto, pois a pele do corpo tende a ser seca e a pele do rosto, da maioria dos brasileiros, é oleosa. Mas lavar o rosto com o sabonete de corpo não é necessariamente ruim. Se for usar o mesmo, idealmente opte por syndets, que são géis de limpeza sem sabão. Eles são suaves e higienizam sem agredir. Se não for possível, a segunda escolha são sabonetes líquidos hidratantes, de bebê.
E o hidratante: posso passar creme de corpo no rosto ou vice-versa?
Aqui o mesmo raciocínio se aplica. Para a maioria das pessoas, o hidratante de corpo é mais gorduroso e o do rosto precisa ter uma textura mais leve.
Pacientes que possuem a pele do rosto normal ou seca podem sim usar hidratantes corporais no rosto, e, na maioria dos casos, a melhor escolha são as loções hidratantes, que possuem uma textura mais fluida.
A dica aqui é sempre escolher produtos sem fragrância e sem corante, para reduzir o risco de alergias.
Qual é a ordem ideal para usar maquiagem, hidratante e protetor solar?
– Hidratação;
– Filtro solar;
– Maquiagem.
Sobre o sérum: se tenho a pele oleosa, posso usar apenas ele para hidratar ou preciso usar hidratante na sequência? E o óleo facial, ele hidrata?
Essas são dúvidas muito comuns. Sérum é uma textura e não uma etapa ou um ativo. Assim como temos cremes, loções e pomadas, temos os séruns. Há no mercado os de vitamina C, ácido hialurônico ou clareadores. Esse tipo de produto tem uma textura mais leve e, em geral, é bem indicado para pessoas de pele oleosa. Mas é importante saber quais são os ativos presentes nos mesmos.
Sobre os óleos, em geral, preferimos hidratar a pele com cremes, loções ou séruns. Os óleos podem piorar quadros de acne em pacientes com a pele oleosa. Além disso, eles evitam a perda de água, mas não conseguem repor a hidratação da pele como os cremes e as loções.
A matéria foi desenvolvida com o auxílio da Dra Lilia Ramos dos Santos Guadanhim (CRM 133850 RQE 38658). A expert possui Doutorado pela Escola Paulista de Medicina – UNIFESP e é colaboradora da Unidade de Cosmiatria da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.