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O vitiligo é hereditário? Quem passou por traumas pode desenvolver a doença?

O vitiligo virou assunto mundial, em nossa história contemporânea, após a mídia noticiar que o cantor e compositor Michael Jackson tinha a doença. De lá para cá, mesmo sem ter, inicialmente, tantas ferramentas de compartilhamentos de dados, como as redes sociais, muita informação leiga foi passada sobre o tema, no boca a boca. Isso causou curiosidade em alguns, confusões entre outros e criou estigmas.

Conversamos com o dermatologista Juliano Cesar de Barros a respeito do tema e desvendamos os principais tópicos sobre essa patologia cutânea. Por exemplo, será que o vitiligo é hereditário? E quem passou por traumas emocionais ou físicos possui maiores chances de desenvolver as características manchas brancas na pele? Confira.

O que é o vitiligo?

O vitiligo é uma doença não contagiosa que causa alterações estruturais da pele com a perda dos pigmentos que dão cor ao nosso maior órgão (discromia). Essas alterações podem ser detectadas com exames laboratoriais, como a biópsia.

Muitas vezes, a perda de pigmento da pele por quem tem o vitiligo é completa. Suas manchas podem ser brancas ou totalmente sem pigmentos (acrômicas). Elas possuem diferentes tamanhos e formas, porém com tendência de aumento lateral.

Entre as patologias chamadas de leucodermias, o vitiligo é a do tipo mais frequente, mundialmente falando. Estima-se que 1% da população global seja acometida pela doença.

Sobre a parte clínica, existem algumas localizações mais frequentes para o vitiligo. Ele ocorre principalmente na face e no pescoço, ou em áreas de traumatismos contínuos, como mãos, antebraços e pés; embora as manchas claras possam aparecer em qualquer outro local, incluindo lábios, membranas mucosas e genitais.

Como a pessoa desenvolve o vitiligo?

Não existe um elemento causal singular que possa acarretar o surgimento do vitiligo. Ele pode ser desencadeado por fatores como:

  • GENÉTICO: algumas pessoas de uma mesma família com vitiligo;
  • IMUNOLÓGICO E AUTOIMUNE: quando o próprio corpo, através de seu sistema de defesa, degrada o pigmento da pele;
  • BIOQUÍMICO: surgimento relacionado ao metabolismo;
  • OXIDATIVOS: danos celulares e envelhecimento da pele;
  • NEURAIS: quando o vitiligo é segmentar, afetando apenas um lado do corpo;
  • VIRAIS: apesar de controverso, há alguns estudos científicos relacionando o vitiligo a pessoas que tiveram hepatite ou citomegalovírus;
  • AMBIENTAIS: o estresse emocional, psicossomático e traumatismos, como cortes e queimaduras.

O vitiligo causa algum prejuízo à saúde ou é algo mais visual?

O mais grave que o vitiligo pode chegar é no aumento expressivo das manchas brancas pelo corpo, podendo alcançar 80% dele. A questão é que por se tratar de uma doença de fundo imunológico, pessoas com vitiligo costumam ter mais propensão a desenvolver outras doenças como:

  • Doenças da tireoide;
  • Diabetes Mellitus;
  • Doença de Addison;
  • Anemia perniciosa;
  • Alopecia areata;
  • Lúpus eritematoso sistêmico;
  • Doenças inflamatórias intestinais;
  • Artrite reumatoide;
  • Psoríase;
  • Síndrome poliglandular autoimune.

O vitiligo tem cura?

O vitiligo é uma doença crônica na qual falar em cura é algo complicado, pois é de base imunológica, que envolve diversos fatores que podem causar a doença e que a reativam ao longo da vida.  Não há cura completa para o caso, portanto, mas tratamentos que podem deixar o paciente praticamente sem manchas, mesmo que elas voltem com o tempo, como:

  • Fototerapia;
  • Medicações em creme ou via oral que estimulam a pigmentação;
  • Medicamentos do grupo dos imunomoduladores, como os corticoides e agentes biológicos ou imunobiológicos (ainda sob análise);
  • Agentes antioxidantes, como em suplementos multivitamínicos (vitamina C, A, zinco, complexo B, entre outros) comprados em farmácias comuns, porém com indicação médica;
  • Cirurgia com técnica de microenxertos (punch ou micropunch) e raspagens;
  • Laser, microagulhamento com drug-delivery ou radiofrequência.

Para saber qual é o melhor tratamento e suas contraindicações, consulte um dermatologista.

 

O artigo foi desenvolvido com o auxílio do médico Juliano Cesar de Barros, dermatologista com mestrado pela CUS – FMABC, onde também é professor colaborador do serviço de dermatologia e coordenador do ambulatório de cirurgia do vitiligo.