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É só entrar em uma farmácia ou loja de produtos naturais para avistar, sem muita demora, uma prateleira tomada de fórmulas, em cápsulas ou em pó, para serem diluídas em água ou suco. Em grande parte, o colágeno é protagonista ali. Conversamos com a médica dermatologista Lilia Guadanhim sobre esse tema que gera tantas polêmicas e é cercado por mitos e verdades. Afinal, tomar colágeno faz bem, funciona, rejuvenesce ou é necessário?

O que é o colágeno?

O colágeno é um componente estrutural importante para os vertebrados, pois corresponde a 30% ou mais do total de proteínas do organismo. Na pele, a derme tem a maior concentração de colágeno, especialmente o do tipo I, responsável por suas propriedades estruturais, estéticas e mecânicas. Além da pele, o colágeno também é importante em cartilagens, articulações e músculos.

O que acontece com a produção e manutenção do colágeno em nosso corpo após certa idade?

Já foi comprovado que a partir dos 25 anos ocorre redução progressiva da produção de colágeno e aumento da sua degradação. Esse processo é agravado pelo envelhecimento extrínseco causado, principalmente, pela exposição crônica e descontrolada ao sol, tabagismo, alterações hormonais, doenças crônicas, dieta e poluição.

Há uma dúvida sobre passar cremes com colágeno (que eles não funcionam). O que a ciência diz a respeito do tema?

O colágeno é uma molécula de alto peso. Por isso, o uso tópico do colágeno convencional, sem qualquer processo tecnológico, apesar de antigo, é algo que permanece apenas na superfície da pele, sem penetrá-la. No meu doutorado, desenvolvemos, em parceria com a Faculdade de Farmácia, uma formulação de colágeno hidrolisado tópico, que consegue penetrar na pele, mas não houve benefício quando comparado ao veículo. 

Sobre “tomar colágeno”, existe algum tipo que funciona, como o hidrolisado e o tipo Verisol ou Peptan?

Tomar colágeno pode sim ter benefícios, mas são necessários alguns cuidados:

  • Alinhar a expectativa é fundamental. Não podemos pensar no colágeno oral como a solução do envelhecimento, ok? O ideal é associar rotina de cuidados, procedimentos e pensar na suplementação como um adjuvante do processo;
  • O ideal é seguir a recomendação do seu médico dermatologista;
  • Existem 2 patentes que tem estudos comprovando seus benefícios: Verisol e Peptan. Minha recomendação é escolher uma delas;
  • O uso deve ser feito por, no mínimo, 3 meses, que é a duração dos estudos científicos disponíveis;

Os estudos de Peptan indicam aumento de até 28% da hidratação, redução de 31% da fragmentação do colágeno dérmico e aumento da densidade da derme.

Os estudos de Verisol indicam aumento médio de 7% da elasticidade da pele, redução média de 20% das rugas perioculares, aumento de colágeno e elastina, redução de 11% das ondulações da celulite e redução da fragilidade ungueal (unhas).

Todas as pessoas podem tomar colágeno oral? 

O colágeno é considerado pela ANVISA como um suplemento alimentar e é classificado pelo FDA como GRAS (Generally recognized as safe), portanto é considerado seguro. Até o momento, não foram descritas contraindicações ou efeitos colaterais relacionados ao seu uso.

Sobre a posologia, existe algum exame para indicar a real necessidade da suplementação de colágeno?

Não há nenhum exame que indique a necessidade de suplementação. Isso deve ser decidido em consulta junto com seu médico de confiança.

Se eu não quero suplementar o colágeno, mas quero ter uma pele íntegra por mais tempo por meio da alimentação, quais ingredientes devo consumir? Gelatina, pé de frango, tutano de boi – ingerir tais alimentos melhora o aporte de colágeno na pele ou não?

Essa é uma dúvida muito comum! Esses alimentos são de fato ricos em colágeno. No entanto, por seu alto peso molecular, esse colágeno não é absorvido e não tem papel biológico. Para ter efeitos clínicos e possíveis benefícios, o colágeno deve ser hidrolisado (peptídeos de colágeno).