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Os preenchedores ficaram popularmente conhecidos ao redor do globo após celebridades contarem que tinham feito uso da substância, principalmente para aumento de lábios ou da chamada harmonização facial. Conversamos com a dermatologista Dra. Eliandre Palermo para saber mais a respeito dessas substâncias: quais são seus tipos, efeitos secundários, principais aplicações, efeitos colaterais, contraindicações e se é possível retirá-los caso o resultado não tenha sido satisfatório.

 

 – Quais são os principais preenchedores usados na dermatologia?

Os principais preenchedores utilizados na dermatologia, atualmente, são o ácido hialurônico, a gordura do próprio paciente e a hidroxiapatita de cálcio. No último caso, tal substância é considerada mais um bioestimulador do que um produto de ação preenchedora em si. Sobre a gordura, como para usá-la é necessário primeiro retirá-la do paciente via lipoaspiração, ela acaba tendo um escopo de aplicação mais reduzido, já que existem as outras opções citadas, mais práticas. Tais preenchedores são semipermanentes. Os produtos definitivos, como com o PMMA, acabam sendo mais utilizados no tratamento da lipodistrofia do HIV. É um produto liberado para esse uso, mas não dentro do campo da estética e sim do universo médico.

 – Os chamados preenchedores servem apenas para dar volume ou possuem efeitos secundários, como a bioestimulação de colágeno?

No caso da hidroxiapatita, ela tem o poder de bioestimulação e preenchimento, secundariamente. Essas variáveis ocorrem de acordo com a diluição do produto. Mas é o ácido hialurônico o primeiro produto quando falamos em preenchedores, atualmente. Ele é um produto com uma vasta gama de densidade, portanto, pode variar entre o efeito de bioestimulador ou mesmo preenchedor. Isso também é definido através da camada de aplicação, se mais superficial ou não.

– Quais são as principais aplicações quando falamos de preenchedores?

Os preenchedores têm a capacidade de sustentar, elevar e preencher alguns locais, como os lábios, o queixo, cicatrizes de acne, a região das sobrancelhas e o contorno de mandíbula. Hoje em dia, com a banalização do termo, muitos médicos têm evitado chamar a manobra de preenchimento, entretanto, já que muitas pessoas acabam associando a técnica a casos de volume exagerado. Dessa forma, profissionais da saúde preferem usar nomenclaturas como “tratamento de sustentação”, “lifting” e “contorno”.

– Os preenchedores podem ser usados também no corpo?

Sim, mas são muito mais aplicados como ativos bioestimuladores, para tratar a flacidez local. Preenchedor corporal em si acaba sendo mais utilizado em áreas menores, como em uma cicatriz ou até mesmo na celulite. Porém, para esse tipo de protocolo, as substâncias mais usadas são o ácido polilático e a hidroxiapatita e não o ácido hialurônico.

– Quais são os principais efeitos colaterais dos preenchedores semipermanentes?

O maior problema dos ácidos hialurônicos e dos bioestimuladores de colágeno são reações inflamatórias, infecções e reações imunológicas. Porém, tais quadros são extremamente raros. Em geral, os produtos são bastante seguros. Há um risco de complicação que envolve a parte vascular, que é quando o produto entra em uma artéria ou veia e com isso pode promover necrose na região irrigada por tais veias e artérias. Entretanto, se o problema for identificado a tempo, e por um dermatologista, esse tipo de complicação pode ser revertida em até 90%.

– Quais são as contraindicações ao uso de preenchedores?

Eles não podem ser usados quando a pessoa está com quadros de acne ativa, se tem uma infecção local, se fez uma cirurgia recentemente, em gestantes e pessoas com doenças autoimunes. Também costuma-se evitar o uso de preenchedores na mesma sessão da toxina botulínica.

 – Quais são os seus principais benefícios?

A melhora do contorno facial em seu formato e no aspecto de envelhecimento. Também é uma via que possibilita evitar cirurgias plásticas precoces.

– Se eu não gostei do resultado dos preenchedores, posso retirá-lo?

Em partes. Se o procedimento for recente e sem muito volume, é possível amenizar o efeito, porém não eliminá-lo completamente. É importante ressaltar que o uso dos preenchedores é temporário, pois o produto vai sendo degradado em nosso corpo. Com isso, tal resultado incômodo vai desaparecer ao longo dos meses. No caso do ácido hialurônico, especificamente, existe uma enzima para diminuir possíveis bolinhas que podem se formar em lábios ou na região dos olhos, na hora da aplicação.

 

O artigo foi desenvolvido com o auxílio técnico da médica dermatologista Dra. Eliandre Palermo (CRM:78723  RQE:27332).