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Brasileiros não podem reclamar da abundância de praias lindas em território nacional. Com essa intensa energia de viver ao ar livre, muitos são os que gostam de ver a pele bronzeada o ano todo, combinando com um estilo de vida tão característico de terras tropicais. Mas será que a prática de ter a cútis ‘beijada pelo sol’ faz bem e é indicada por médicos? Conversamos com o dermatologista Dr. Sérgio Schalka a respeito do tema, como funcionam os novos fotoprotetores orais e se eles substituem os protetores em creme. Também aproveitamos para tirar as dúvidas mais frequentes a respeito dos produtos chamados “aceleradores de bronzeado” e os autobronzeadores.

 

SBD-RESP: Quais são as substâncias que atuam como fotoprotetor oral e como devemos consumí-las?

Dr. Sérgio Schalka: Tecnicamente, no Brasil só existe uma substância aprovada para ser fotoprotetora oral no momento, que é o extrato de Polypodium leucotomos. Ele é um ativo retirado de uma planta e tem reconhecimento mundial para a função. Sobre sua forma de administração, deve ser consumido meia ou duas horas antes do início da exposição ao sol, sendo ingerido novamente após três ou quatro horas, o que faz com que o uso dessas cápsulas seja bem similar, em tempo, ao do filtro solar. Entretanto, outras substâncias são usadas por sua ação antioxidante em relação ao sol no Brasil, como o licopeno, o betacaroteno e a luteína, que são derivados da vitamina A, os chamados carotenoides. Eles estão presentes em vários suplementos alimentares no mercado. Nenhuma dessas substâncias ocasionam risco na administração, porém, é indicada a orientação de um dermatologista antes do consumo. Elas não são prescritas para grávidas e crianças abaixo de 12 anos.

SBD-RESP: Dá para tomar sol ou se expor ao sol apenas usando fotoprotetores orais?

SS: O fotoprotetor oral é um produto composto por substâncias que possuem como função primordial a diminuição dos efeitos da radiação solar sobre a pele. São produtos para ingerirmos, como o próprio nome sugere. Diferentemente dos protetores solares, que atuam antes da radiação chegar à pele, evitando assim sua penetração parcialmente, o protetor oral age posteriormente. Isso ocorre por um mecanismo de antioxidação e proteção do colágeno e outras estruturas celulares. Então ele não substitui o protetor que passamos na pele. Isso é muito importante de ser pontuado. Nenhum protetor via oral protege se você não tiver utilizado o outro, em creme. Ele funciona então complementando a proteção.

SBD-RESP: Os cremes e loções que pigmentam a pele sem a exposição solar são indicados por dermatologistas como alternativa para quem quer um aspecto bronzeado de forma saudável?

SS: Os chamados autobronzeadores são substâncias compostas, basicamente, por Dihidroxiacetona. Ela reage com a queratina da pele, bem superficialmente, e dá uma reação que confere cor. Não tem perigo algum utilizá-los, pois eles funcionam como uma espécie de maquiagem. Porém, é sempre bom testá-los em alguma área coberta, pois, dependendo da cor da pele, ele pode produzir um tom meio alaranjado, artificial. Seu uso desaparece alguns dias após a aplicação sem ocasionar efeitos colaterais ou mesmo proteger mais a pele da exposição solar.

SBD-RESP: Sobre aceleradores de bronzeado, o que são tais produtos e como eles agem?

SS: Os aceleradores de bronzeado são substâncias que ajudam a radiação ultravioleta do tipo A a penetrar mais na pele. Normalmente eles possuem consistência oleosa. Esses tipos de produtos podem causar riscos à saúde, já que estão deixando a pele mais vulnerável à ação do sol, então é um cosmético que precisa ser utilizado com considerações. Do ponto de vista médico, não é um produto recomendado, pois, ao permitir mais a radiação, faz com que o corpo tenha a pele envelhecida mais rapidamente. Portanto, seus prejuízos são vistos a longo prazo.

 

O artigo foi desenvolvido com o auxílio técnico do Dr. Sérgio Schalka, mestre em dermatologia pela Universidade de São Paulo, coordenador do Consenso de Fotoproteção no Brasil. CRM-SP 70148.