Pesquisar

O diabetes provoca alterações em todos os órgãos e sistemas do corpo. As da pele incluem ressecamento (pela perda de água), as da flora (falta de equilíbrio dos organismos que povoam naturalmente a pele), as de proteínas, como o colágeno, as vasculares e os danos nos nervos. Todas elas tornam a pele do diabético mais propensa à prurido (coceira), infecções (bacterianas e fúngicas), e dificuldade na percepção de feridas, além de cicatrização mais lenta das mesmas.

Controle essencial

Antes de qualquer cuidado específico com a pele, o paciente diabético deve manter a doença sob controle, primeiramente. Isso é possível por meio das medicações nas doses adequadas, controlando a dieta e, se possível, mantendo atividade física regular. Com os níveis de glicose estabilizados, todo o corpo sofrerá menos as consequências da doença, inclusive a pele.

Cuidado com o banho e hidratantes com ureia

Para cuidados específicos com a pele, o paciente diabético deve mantê-la sempre limpa e bem hidratada. Para tanto, deve-se controlar o uso de sabonetes agressivos, optando sempre pelos mais neutros, evitar banhos quentes e prolongados e o uso de esponjas e buchas que podem aumentar o dano à superfície. Após o banho, deve secá-la suavemente e dar atenção especial aos pés, focos comuns de infecções bacterianas e fúngicas. Após a secagem delicada, deve-se aplicar um hidratante adequado à pele do diabético, evitando aqueles com alta concentração de ureia (mais que 10%). Deve-se também evitar a retirada das cutículas, tanto das mãos quanto dos pés, e manter-se sempre alerta às feridas que não cicatrizam e mudanças na coloração e sensibilidade da pele.

Tipo I e II

Não existem diferenças clássicas entre a pele dos diabéticos tipo I e II. Normalmente, o paciente tipo II já tem mais idade e pode apresentar outras alterações cutâneas além daquelas produzidas pelo diabetes, como as decorrentes de exposição solar prolongada. O fator mais importante é o controle da doença, portanto. Quanto mais controlada, menos repercussões o paciente terá, tanto na pele quanto no resto do organismo.

Sobre produtos cosméticos, os diabéticos devem usar hidratantes potentes, sabonetes pouco agressivos (syndets) e evitar produtos agressivos,  como ácidos e ureia em alta concentração, já que os mesmos podem promover uma descamação excessiva e expor a pele do paciente aos agentes infecciosos.

Procedimentos estéticos invasivos 

Quando o paciente diabético opta por realizar procedimentos estéticos invasivos, ele deve, primeiramente, se certificar que a doença está sob controle, com níveis glicêmicos adequados e obter liberação do seu médico (clínico geral, endocrinologista ou geriatra).

O dermatologista responsável pelo procedimento deve verificar as condições da pele e a possibilidade, ou não, de realização. Os cuidados incluem limpeza adequada, escolha do protocolo correto, sempre tendo em mente que a pele do paciente diabético tem mais propensão a infecções e cicatrização mais lenta.

É muito importante o paciente diabético e seus cuidadores estarem sempre atentos às mudanças na pele, sintomas e feridas e, ao menor sinal de problemas, procurar um dermatologista. As infecções cutâneas neles podem ser graves e potencialmente fatais. As feridas não tratadas adequadamente podem causar amputações nos doentes, inclusive. Na dúvida, procure o seu dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

 

O artigo conta com o conhecimento técnico da dermatologista Dra Ana Maria Bertelli Antonio Gallotti.