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A pele é o maior órgão do corpo humano. É ela que determina os limites entre uma pessoa e o mundo lá fora. É ela que nos dá a percepção de tato, temperatura, pressão, calor e dor. É por meio desse órgão que podemos distinguir texturas e manifestar carinho tocando outro ser. Para compreender determinadas emoções, dizem que é preciso “sentir na pele”, esse órgão vital sem o qual seria impossível sobreviver. A pele funciona como uma barreira contra infecções e outros agentes agressores que vêm de fora do organismo. É como se fosse a protetora do corpo e, ao mesmo tempo, o seu cartão de apresentação. Mas mesmo sendo tão importante, em boa parte das vezes ela não é tratada com o cuidado que precisa – e merece.

Para defender o cuidado com esse órgão fundamental em nossas vidas, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) está lançando a Declaração de Direitos da Pele. De acordo com Gabriel Gontijo, presidente da instituição, a campanha visa esclarecer a população sobre os cuidados necessários com a pele. A ideia é conscientizar a população sobre os direitos e deveres para manter a pele saudável e, por que não, linda de viver. “As pessoas têm o direito de ter uma pele bonita, mas também de procurar um especialista que saiba fazer isso de maneira adequada. Parecer saudável nem sempre significa estar saudável”, alerta.

O direito de cuidar da pele vale para todas as pessoas, de todas as raças, cores, origens e classes sociais, como a gestora de comunicação Simone Maia Caetano, de 45 anos, e a professora de educação infantil Maria da Silva Pereira, de 62, que gosta de ser chamada de Lu. Ambas fazem questão de cuidar da pele sob a orientação de um dermatologista. A primeira usa a rede privada de saúde. A segunda conseguiu tratamento num hospital público. “Estou me sentindo mais bonita, pois fiz um peeling que sumiu com as manchinhas marrons que tinha no rosto”, revela Lu. “Desde os 27 anos, acho que nunca passei um inverno sem ácido retinoico – substância antienvelhecimento da pele – todos os dias”, afirma Simone.

Declaração dos  direitos  da pele

Artigo 1

Toda pele tem direito à saúde: e parecer saudável é muito diferente de estar saudável, inclui o direito a consultas regulares com um especialista e cuidados de rotina.

Artigo 2

Toda pele tem direito ao sol consciente: e a ficar exposta, ao sabor do vento, da água, de ter sua cor respeitada.

Artigo 3

E, por isso, toda pele tem o direito à proteção: não qualquer proteção, mas proteção com esclarecimento, proteção de um especialista.

Artigo 4

Toda pele tem direito de tocar e ser tocada: porque o tato é nosso primeiro sentido e interface com o mundo. E sua integridade deve ser buscada durante toda a vida.

Artigo 5

Toda pele tem direito à beleza: que vai além da vaidade. É o direito fundamental de manter a autoestima; que não aceita qualquer coisa, por qualquer preço, de qualquer um.

Artigo 6

Toda pele tem direito à informação: direito a informações reais e atualizadas para suas dúvidas e preocupações, de fontes confiáveis e comprometidas com a verdade, acima de tudo.

Artigo 7

Toda pele tem direito a atendimento médico de qualidade: direito de ter informações e tratamentos apropriados quando necessário, tanto para suas doenças quanto para os cuidados preventivos, incluindo cabelos e unhas.

Artigo 8

Toda pele tem direito a conhecer as tecnologias e avanços científicos: direito de ser atendida pelo especialista qualificado e com a responsabilidade necessária para a indicação  e aplicação correta de novos medicamentos e equipamentos.

Artigo 9

Toda pele tem direito a um tratamento digno: direito a ouvir um médico especialista, antes de qualquer escolha. E direito de saber quando não está sendo atendida por um.

Artigo 10

Toda pele tem o direito a um médico dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia

Fonte: Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)

Sol na medida certa
Proteger-se dos raios ultravioleta ao longo da vida é uma das formas de cuidar para que a pele chegue à idade madura saudável e bonita

Um dos mais importantes fatores para a saúde da pele diz respeito à quantidade e à qualidade de sol a que uma pessoa se expõe ao longo da vida. Isso ocorre porque os raios solares têm efeito cumulativo sobre a pele, o que significa dizer que o sol que você tomou aos 18 anos será cobrado lá na frente, como se fosse a fatura de uma dívida que cresce por causa dos juros e da correção monetária. Existem duas medidas para mensurar a exposição solar. A mais conhecida é a que mede a incidência de raios ultravioleta, radiação do tipo B, mas também existe a radiação do tipo A, decorrente da luz visível (10%) e dos raios infravermelhos (5%), que não podem ser vistos. “As ameaças à pele têm origem na luz”, explica o dermatologista Emerson Andrade Lima, coordenador da campanha contra o câncer de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) . Contra essas ameaças só há uma solução: proteger-se.

“Não é só o calor que provoca danos cutâneos, mas a luz. No inverno, os dias também são claros. Além disso, os riscos de câncer de pele não estão limitados à exposição ao sol”, observa o presidente da SBD, Gabriel Gontijo. O que conta muito é a soma dos fatores. Se a pessoa já teve um câncer de pele (ou alguém de sua família), e se expõe muito ao sol, se já teve queimaduras, esse risco vai aumentando. “Funciona como no caso dos diabéticos, que têm mais chance de ter um infarto, como os fumantes e os sedentários”, explica Gontijo. De acordo com ele, a maior proteção é o fator genético. Nada menos do que 80% desses danos ocorrem em seus primeiros 20 anos de vida. Uma pessoa de 40 anos, portanto, já sofreu a maior parte dos danos em sua pele, mas como o efeito do sol é cumulativo, os riscos de envelhecimento precoce (rugas) e de aparecimento de sardas, mudança na textura da pele, dilatação de veias sanguíneas, manchas e câncer de pele são dia a dia maiores.

“Todo filtro solar tem de ser de amplo espectro, cobrir pelo menos as radiações A e B. Para isso, na embalagem deve estar escrito FPS e PPD. Os protetores solares que usam filtro físico, como uma cor, também ajudam mais, principalmente contra a luz visível, que vem do computador, do telefone celular e de outros aparelhos e que escurecem a nossa pele”, orienta Lima. Ele explica que a durabilidade média do filtro solar no corpo é de quatro horas. Mas se a pessoa que estiver usando estiver exposta a altas temperaturas, na praia ou na piscina, por exemplo, recomenda-se passar o produto na pele outra vez de hora em hora ou, no máximo, a cada duas horas. Se, por outro lado, estiver num ambiente de trabalho, passar o protetor solar pela manhã e à tarde já é considerado aceitável. “É melhor aplicar duas vezes, mas antes fazê-lo só pela manhã do que não usar. Acredito que usar pela manhã e na hora do almoço é uma recomendação plausível”, sustenta Emerson Lima. Segundo ele, porém, a maioria da população usa o filtro solar de modo inadequado, já que a quantidade ideal para o corpo é uma xícara (de café) cheia de protetor.

PELES CLARAS
“O primeiro cuidado é aplicar o protetor de forma correta, o que quer dizer uma camada espessa”, orienta o dermatologista Claudemir Aguilar, membro da SBD e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). De acordo com ele, a pele deve ser tratada – e poupada – o ano inteiro, mas, como no verão a exposição cutânea ao sol é mais intensa, há recomendações sazonais que precisam ser seguidas. Uma delas é o clássico período permitido de exposição à radiação solar, que só é liberada antes das 10h e depois das 16h. Outra é que, fora desse período “livre”, é preciso buscar sombra e proteção, como roupa e chapéu. “O protetor deve ser usado 30 minutos antes de a pessoa se expor ao sol. Os fototipos mais claros (pessoas de pele clara), com olhos e cabelos claros, e, principalmente, sardas têm risco de sofrer dano solar maior e, por isso, devem se cuidar mais”, observa.

O raciocínio é simples: quanto mais filtro solar, mais proteção. E quanto mais se espalha esse filtro no corpo, na tentativa de fazê-lo “desaparecer”, menor é a proteção, a tal ponto que um FPS de 60 cai para a metade, por exemplo. E a parte do corpo que mais paga por isso, como não poderia deixar de ser, é o rosto. “O rosto recebe mais sol porque está mais exposto. Por outro lado, ele também é mais sensível e recebe a luz do sol diretamente”, diz Emerson Lima. Segundo ele, a luz do astro-rei oferece riscos até mesmo para quem não vive abusando, como uma paciente sua que quase não saía de casa e, mesmo assim, teve três carcinomas basocelulares no rosto. “Ela tinha um histórico de vida indoor e, com oito filhos em casa para cuidar, até as compras quem fazia era o marido. Mesmo assim, tomou muito sol no ambiente doméstico e, aos 52 anos, descobriu os tumores de pele. Digo isso para lembrar que as pessoas acreditam que devem usar protetor apenas nas atividades recreativas, mas estão enganadas”, avisa.

A autoestima agradece
Sentir-se bem consigo mesmo e manter a aparência limpa e jovem é o que leva muitas pessoas a buscar cuidados extras para o rosto e o corpo

A procura por uma pele mais saudável e com aparência limpa e jovem é uma preocupação cada vez maior entre mulheres e homens das mais variadas raças, idades e classes sociais. Mais do que parecer bonitas e bem cuidadas para os outros, essas pessoas não medem esforços para melhorar a autoestima e tornarem-se belas por satisfação própria. Para isso, haja cuidados diários, hidratante para o corpo, rosto e área ao redor dos olhos, cosméticos antienvelhecimento, colágeno, protetor solar UVA e UVB, ácidos, peelings químicos, laser, vitamina C e toxina botulínica. A oferta de procedimentos estéticos é tão grande, que não é raro uma pessoa se sentir perdida na escolha do que é melhor no sentido de rejuvenescer e dar mais saúde e vida à pele. Cuidar do maior órgão do corpo humano dá trabalho e, em geral, custa caro, mas os ganhos e resultados valem a pena.

É o que garante a gestora de comunicação Simone Maia Caetano, de 45 anos, que embarcou para valer no universo desses cuidados quando ainda tinha 27. Exibindo uma cútis de beleza invejável, ela atribui a aparência de sua pele a fatores genéticos, já que a mãe e a avó também têm uma pele boa. Só que nem sempre foi assim. Aos 15 anos, Simone foi ao dermatologista pela primeira vez por causa de espinhas no rosto. Depois disso, cuidou da pele até as acnes sumirem e só voltou ao consultório dermatológico 12 anos depois. Desde então, passou a usar ácido retinoico no inverno, vitamina C no verão, e o que ela mesmo chama de “mais um monte de produtos”. Hoje, além dos cremes e ácidos para a pele, Simone faz uso diário de dermocosméticos e complementos vitamínicos em cápsulas, além de lavar o rosto com sabonetes apropriados e usar protetor solar.

“Quando fui pela primeira vez à dermatologista, aos 15, ela me avisou que, se quisesse ter uma pele boa deveria me cuidar a partir dali. Dermatologia é persistência. Foi o que essa médica me ensinou”, lembra Simone, que, anos depois, aderiu totalmente à ideia. “Há dois anos, comecei a fazer botox e estou adorando os resultados. É tão bom, que nem bem acabou o efeito e já quero fazer de novo”, brinca a gestora de comunicação. Piadas à parte, ela tem o cuidado de não passar da conta. Para manter a pele com boa aparência e em bom estado de saúde, no ano passado fez três peelings químicos, porque seu rosto estava com manchas adquiridas no último verão. Simone não sabe dizer quanto gasta por mês com esses cuidados, mas já virou uma caçadora de promoções dos produtos para a pele. “Os produtos são caros, mas vou comprando aos poucos e aproveitando as promoções. É o tipo da coisa que não vai perder, por isso, tenho um estoque em casa”, revela Simone, que já planeja um próximo peeling para fevereiro do ano que vem.

VAIDADE
Maria da Silva Pereira, a Lu, tem 62, é professora de educação infantil e uma mulher vaidosa. Para cuidar das manchas na pele do rosto, braços e pernas, ela procurou um posto de saúde e foi encaminhada ao serviço de dermatologia do Hospital das Clínicas, onde já cauterizou as manchas e fez peeling. “Primeiro fiz uma avaliação com a dermatologista e comecei a usar filtro solar e alguns produtos manipulados, pela manhã e à noite. Os resultados são ótimos. Quando era mais nova, tomei muito sol, porque trabalhava na roça, debaixo do sol ardendo. Agora, estou me sentindo muito mais bonita”, observa.

Lu reconhece que tem muita vaidade, mas assegura que melhor do que uma pessoa olhar para ela e dizer que ela não aparenta a idade que tem é ficar ficar bonita para si mesma. “Sempre gostei de me cuidar. Vou ao salão de beleza, faço as unhas, cuido do meu cabelo e tenho muito prazer em fazer tudo isso. Gosto de me sentir bem e de estar com saúde”, explica a professora, que já tem data marcada para fazer uma cirurgia de pálpebra.

A dentista Hellen Ker, de 41, também se preocupa com a saúde e a aparência da cútis. Nunca se descuidou do hidratante e do protetor solar e há algum tempo incorporou a sua rotina outros cuidados com a pele. “Lavo bem o rosto, uso pouca maquiagem, procuro tomar bastante água, borrifo água termal durante o dia, porque minha pele fica muito ressecada com o ar-condicionado, uso vitamina C e outros dermocosméticos indicados para o meu tipo de pele. Com esses hábitos, consigo uma pele equilibrada”, explica. Além disso, para se precaver do envelhecimento e das ruguinhas, ela tem feito botox. “É importante impedir que os vincos se formem no rosto. O que desejo é, com o passar dos anos, fazer o mínimo de intervenções estéticas possível. Mas, quando houver necessidade, posso fazer tratamentos pontuais”, diz.

Fonte: Saúde Plena