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As irmãs gêmeas americanas de 66 anos Marian e Mary Jane Fields, do Missouri, nos Estados Unidos, viveram juntas a vida inteira –e agora estão ainda mais próximas ao dividir a mesma pele.

Marian Fields teve um tipo agressivo e muito raro de câncer de pele que a deixou com feridas grandes e abertas em volta da coluna depois de várias operações e tratamentos com radiação.

Ela estava começando a perder as esperanças em uma possível recuperação após cirurgiões plásticos americanos se negarem a tratar seu caso por causa do tamanho da ferida.

Até que sua irmã gêmea Mary Jane chegou com a solução.

“Houve um momento de hesitação quando a opção de doar pele e tecidos se tornou uma possibilidade”, disse Mary Jane.

“Eu tinha o que ela precisava. Somos dois corpos com uma alma. Ela é minha outra metade.”

Jesse Selber, um cirurgião plástico do Centro de Câncer MD Anderson da Universidade do Texas, que fez o primeiro transplante de couro cabeludo da história, disse que a cirurgia foi “incrivelmente desafiadora e complexa”.

Sua equipe de cinco cirurgiões plásticos retirou pele, tecido e vasos sanguíneos do abdômen de Mary Jane e os colocou nas costas de Marian, conectando oito artérias diferentes e veias através de um microscópio durante a cirurgia.

O buraco nas costas de Marian media 55 cm por 22 cm, o que faz da cirurgia o maior transplante de tecidos já registrado.

Ao doar pele à sua irmã, Mary Jane acabou realizando –ou ganhando, dependendo do ponto de vista– uma cirurgia plástica abdominal.

Ter uma gêmea idêntica facilitou o processo de transplante para Marian porque nenhuma supressão de seu sistema imune foi necessária –ainda assim os riscos eram imensos.

Os cirurgiões disseram que estavam preocupados com a possível rejeição da pele doada e do reaparecimento do câncer.

Apesar do tumor nas costas de Marian ser bem agressivo, não é um tipo que se espalha para outras partes do copo, então receber pele e tecido de sua irmã foi a solução perfeita.

“Os ferimentos de Marian eram grandes demais. Sem sua irmã gêmea, não teríamos tecido suficiente para reconstrução.”

A cirurgia levou 14 horas e envolveu “um corte profundo através de pele, músculo e osso” seguida de “horas de trabalho microvascular meticuloso”.

A cirurgia foi planejada detalhadamente de antemão –e valeu a pena, segundo Selber. “A cirurgia foi muito bem”, disse.

Antes do transplante, Marian sofria de dores terríveis. Ela não conseguia deitar de costas ou sentar direito em uma cadeira.

Um mês após a cirurgia, as gêmeas foram liberadas, os pontos foram retirados e elas voltaram para casa.

“Eu não vejo a hora de voltar ao trabalho, dirigir, correr e sentar confortavelmente.”

“Eu nunca estive doente antes de 2012 e estou pronta para voltar à vida.”